Você já se viu acompanhando a rotina de uma pessoa conhecida ou desconhecida pelas redes sociais e se perguntou: como ela dá conta? Esse sentimento, que mistura admiração e até uma dose de inveja, pode gerar muita frustração.
Quando nos deparamos com uma rotina aparentemente “perfeita”, isso se relaciona diretamente com a maneira que enxergamos a nossa própria produtividade (ou a falta dela). Imediatamente nos cobramos para nos encaixar num ideal produtivo que nem existe na “vida real”, mas que, visto assim, pode nos deixar infelizes.
Neste artigo vamos desvendar esse mito da rotina produtiva e entender como essa busca por um ideal de produtividade pode ser uma armadilha. Desejo que, ao final desta leitura, você possa explorar sua rotina criativa com mais autoconhecimento e empatia.
Vamos juntos!
O que é uma rotina produtiva
A maioria das pessoas classifica uma rotina produtiva como o gerenciamento de tarefas e atividades, usado para organizar nosso tempo, nossos objetivos e nossa energia. Uma rotina produtiva vai além do trabalho e inclui todos os aspectos da nossa vida.
É muito comum que a gente estruture a nossa vida e a nossa rotina em “gavetinhas”. Por exemplo, a área profissional ocupa uma gavetinha, a saúde, outra. Também pode ter a gavetinha da vida financeira, a dos relacionamentos, a dos estudos, entre outras.
Cada um faz essa divisão de um jeito, incluindo setores que fazem sentido e têm importância na sua vida. Para algumas pessoas, essa separação interna está muito clara. Já no caso de outras pessoas, é comum que essas gavetas se misturem, o que pode ser natural na rotina produtiva daquela pessoa.
É a partir dessas “gavetinhas” – ou qualquer outro nome que você queira dar para essa divisão – que as pessoas costumam estruturar os setores da sua vida e têm uma visão mais macro sobre sua rotina produtiva.
Pensar nessa separação também vai ser importante para desconstruir um mito que geralmente é associado à produtividade e que eu te conto a seguir.
O que não te contam sobre o mito da rotina perfeita
Para encarar o mito da rotina produtiva perfeita, vamos usar as separações entre os setores da vida que mencionei acima. Vamos supor que você organize a sua rotina entre as seguintes gavetas: trabalho, exercício físico, relacionamentos, família e alimentação.
É um grande mito achar que todas as áreas da vida vão fluir maravilhosamente bem, com uma alta performance, ao mesmo tempo – e sem bagunça.
Essa expectativa é irreal e pode frustrar muita gente que acredita que basta organizar a sua rotina produtiva para ter esse tipo de resultado. Além disso, esse mito impõe uma exigência enorme às pessoas, trazendo a sensação de que elas são improdutivas ou ineficientes a maior parte do tempo.
É importante se lembrar que é muito natural que no nosso planejamento aconteçam coisas fora do nosso controle. Um imprevisto, uma situação pessoal que nos atravessa, a quebra de contrato por outra pessoa, tudo isso pode prejudicar a nossa produtividade e desequilibrar nosso planejamento.
Nossa rotina produtiva não precisa ser perfeita e exigir isso de si mesmo é desgastante. Estou falando de situações que podem nos afetar num contexto pontual, como uma demissão, uma doença ou até algo mais sério, mas esse entendimento também pode se aplicar a um contexto macro.
Em alguns meses do ano, sua rotina produtiva pode sofrer desvios. Alguns períodos podem ser mais intensos em relação ao trabalho e fazer com que tiremos o foco de outras áreas, por exemplo.
Mas se a rotina produtiva perfeita é um mito, o que fazer para manter a produtividade em dia e não se sentir frustrado e infeliz diante do que bagunça nossa vida?
Contra o mito da perfeição… podemos priorizar!
Já entendemos que manter todas as gavetas em funcionamento e em perfeita ordem é uma expectativa irreal que pode nos prejudicar. Mas isso não quer dizer que é impossível ter uma rotina produtiva saudável, sem pirar.
Existem muitas estratégias para ser mais produtivo, respeitando a sua saúde mental. Mas se você ainda acredita que precisa ter uma rotina produtiva perfeita, acho importante você considerar uma mudança de mentalidade:
E se em vez de tentar ser sempre uma pessoa produtiva, você focasse em ser uma pessoa priorizadora?
A essência da produtividade é justamente priorizar tarefas e atividades mais importantes, de acordo com a sua rotina, seus objetivos e os seus blocos de energia.
Embora a palavra “produtividade” lembre produzir, fazer, botar a mão na massa, ela também envolve a etapa de priorizar onde realmente faz sentido investir o nosso tempo e energia. Como quase sempre estamos trabalhando no piloto automático, trabalhando cada vez mais para atingir mais metas, muitas vezes não paramos para recalcular a rota nem para (re)definir prioridades.
Uma rotina produtiva não significa ter tudo sempre equilibrado.
Uma rotina produtiva é aquela em que você realiza seus projetos e se sente bem – abraçando os deslizes e imprevistos e entendendo que eles fazem parte do caminho. Por isso, é importante ter mais flexibilidade e gentileza consigo mesmo.
Nem todos os dias serão iguais e “tatu do bem”: essa variância faz parte do processo. Às vezes, precisamos seguir o nosso próprio ritmo, prestando atenção ao descanso e o autocuidado, enquanto em outros momentos podemos nos dedicar mais ao trabalho ou aos nossos projetos pessoais.
Rotina real x rotina perfeita: 4 sugestões para quando as coisas não dão certo
Desconstruir o mito da rotina produtiva perfeita não é fácil e esse processo pode gerar sentimentos de desânimo, frustração e até mesmo culpa.
Quando eu enfrento imprevistos e sinto essa pressão interna, eu procuro me lembrar da diferença entre a rotina perfeita e a rotina real. Separei algumas sugestões para você refletir quando tiver que encarar esse mesmo desafio.
1) Incorporar a procrastinação no seu processo produtivo
Parece doideira considerar que é importante acomodar os momentos de procrastinação na hora de planejar o processo criativo para melhorar a sua rotina, mas é sério 😊
Acredito que quando nos programamos para uma tarefa e sabemos que geralmente usamos um tempinho para procrastinar, ou adiar o seu início, essa “procrastinação agendada” pode fazer parte da sua organização produtiva, já que isso reflete de uma forma mais realista a duração real de cada projeto.
Neste vídeo, eu refleti mais sobre esse conceito e o que você deve levar em conta se decidir incluir um tempo de procrastinação planejada na sua rotina:
2) Olhe para a sua rotina produtiva com carinho
A forma como você organiza seu tempo e suas dinâmicas internas é única. Não há uma receita pronta, porque cada um funciona de um jeito. Olhar para a nossa rotina produtiva com carinho e com menos autocobrança pela perfeição é importante para proteger a sua saúde mental.
Reconhecer e valorizar a singularidade da própria rotina, entendendo suas necessidades individuais e seus limites. Esse olhar carinhoso também ajuda a experimentar, ajustar e se adaptar quando algum imprevisto ou “desvio na rota” acontece – e eles costumam acontecer!
3) Não compare suas gavetas desarrumadas com as vitrines das redes sociais
Lembrando do exemplo que apresentei no começo deste texto, a comparação com a rotina de outra pessoa pode ser um dos gatilhos para a frustração. Principalmente porque a gente tende a comparar a nossa vida (com todas as suas imperfeições) com o recorte da vida de outras pessoas, já que esse é o retrato que nos chega pelas redes sociais.
Rolando o feed, temos a sensação de que todo mundo está viajando, recebendo prêmios ou organizando suas gavetinhas sem o menor esforço. Mas essa é uma interpretação distorcida dos dados, já que esses recortes publicados nunca representam a totalidade da vida de todas as outras pessoas.
4) Aceite que sua rotina vai mudar de acordo com os fluxos da vida
A vida é dinâmica e imprevisível, e nossa rotina está sujeita a mudanças constantes. É importante aceitar que nem sempre conseguimos seguir nossos planos e metas com rigidez, especialmente quando acontecem coisas fora do nosso controle.
Ao aceitar que nossa rotina está sujeita aos fluxos da vida, é possível adotar uma abordagem mais flexível e adaptável. Isso não significa abandonar nossos compromissos, mas sim ajustá-los de acordo com a nova realidade do momento e respeitando o que é prioridade. Essa mudança permite que a gente cuide tanto de nossa produtividade quanto de nossa saúde mental e bem-estar.
O que você aprendeu até aqui?
Neste artigo expliquei sobre o mito da rotina produtiva perfeita, que pode gerar muita frustração e autocobrança para alcançar um ideal inatingível. Se cada rotina produtiva é organizada em “gavetinhas”, com as diferentes áreas da vida, a expectativa de que todas elas estejam em perfeito equilíbrio o tempo todo é irreal e pode nos fazer acreditar que somos improdutivos.
Ao desconstruir esse mito, é fundamental compreender que imprevistos e desafios são parte natural da vida. A busca por uma rotina perfeita dá lugar à priorização das atividades mais importantes, levando em conta nossos objetivos e energia disponível.
Essa mudança de mentalidade permite uma abordagem mais flexível e gentil consigo mesmo, reconhecendo que nem todos os dias serão iguais e que é preciso adaptar-se aos imprevistos e surpresas da vida.
Sugeri algumas estratégias para lidar com a pressão da perfeição, como incorporar o tempo de procrastinação no planejamento, olhar para a própria rotina com carinho e evitar comparações com as vidas aparentemente perfeitas nas redes sociais. Estar disposto a ajustar nossos planos de acordo com as circunstâncias pode ajudar a manter a produtividade e preservar o bem-estar mental.
Se você quer ter uma rotina produtiva mais saudável e adaptada à sua realidade, considere conhecer um sistema simples que vai te ajudar a destravar a sua criatividade seguindo o seu próprio ritmo.
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