Como parar com a procrastinação e finalizar projetos criativos

A procrastinação pode ser um fantasma na vida de quem trabalha com a criatividade. Tem gente que paralisa diante de algum projeto, outros que adiam ao máximo a execução de uma tarefa e existe até mesmo quem invente outra atividade para se dedicar no lugar do que realmente precisa ser feito.

Dentro do processo criativo, acredito que não tem uma forma de parar de procrastinar de uma vez por todas. Mas entendendo o que ela realmente é, podemos melhorar como ela nos afeta e criar sistemas simples para parar de procrastinar. Neste artigo, você vai ver que até a couve-flor pode ser usada para isso 🙂

Por isso, hoje eu te convido a refletir por que procrastinamos, para que a gente aprenda a navegar por essas situações de maneira mais fluida.

O que é procrastinação

A procrastinação – tratada como inimiga número um da produtividade – é um fenômeno complexo que afeta todo mundo em algum momento da vida, até mesmo os criativos super experientes.

Essa tendência de adiar tarefas importantes pode se manifestar de diversas maneiras, desde deixar para amanhã algo pontual que poderia ser feito hoje até adiar grandes mudanças e projetos relevantes em nossa vida.

Geralmente as pessoas relacionam a procrastinação a uma má gestão do tempo, preguiça ou falta de disciplina. No entanto, paralisar diante de uma situação muitas vezes está mais ligado a uma gestão de emoções.

Isso porque procrastinar pode ser uma reação do nosso cérebro ao ter de lidar com o desconhecido ou mesmo a ter de desenvolver tarefas criativas que nunca realizamos antes. Por isso, a procrastinação tem tudo a ver com a forma com que lidamos com as nossas emoções.

Quer ver um exemplo de como o cérebro quer sempre poupar energia e estar confortável? Ver séries e filmes é bem menos arriscado e mais familiar do que começar o projeto paralelo que você tanto sonha em criar. 

Afinal, ficar sentado em frente à TV causa menos chances de exposição, julgamento e até de decepcionar quem está ao seu redor. Por outro lado, outras escolhas, como cantar, escrever e desenhar são atividades que podem não ser garantia de “sucesso”.

Esse é um exemplo clássico de algo que é: conhecido/confortável/quentinho X errar/arriscar/gastar energia.

Por isso, é tão importante começar a desenhar sem saber se o resultado vai nos fazer passar vergonha. Cantar sabendo que vai existir julgamento. Começar um projeto que pode não dar certo, sem que isso nos faça mal.

Temos a tendência de procrastinar em duas situações: a) quando nosso corpo quer poupar energia – de preferência fazendo algo mais prazeroso e com menos investimento intelectual ou emocional; e b) diante do medo de errar, passar vergonha ou arriscar fazer algo novo.

Assim como acontece com o bloqueio criativo, a procrastinação também pode aparecer em momentos em que temos medo de trazer para o mundo real as ideias que só estão na nossa imaginação 🙂

Isso quer dizer que diante de uma nova ideia, um novo projeto ou mesmo uma nova atividade, nos apegamos a uma expectativa utópica: de que é possível fazer algo de uma forma perfeita, quando, na prática, encontramos imperfeições. E aí pode ser necessário fazer revisões e reajustes.

Para aprender a lidar com a procrastinação, é importante investigar o que está por trás do que sentimos nessas situações para que isso não faça a gente desistir de tirar nossas ideias do papel.

Como ressignificar a procrastinação

Quando entendemos que procrastinar pode ser uma reação natural àquelas duas situações que citei antes: querer poupar energia e evitar o medo de errar ou passar vergonha, conseguimos enxergar a procrastinação não como “inimiga”, mas talvez como um “uma amiguinha que quer te proteger” em nossos processos criativos.

A procrastinação também não é um “muro” que se coloca entre você e aquilo que quer ou precisa fazer, como muita gente acredita. Mas sim um reflexo do corpo, para que você gaste menos energia e fique exposto o mínimo possível ao risco ou à vulnerabilidade.

Nessa lógica, é muito melhor fazer uma tarefa conhecida e sem esforço do que se arriscar com algo novo.

Ressignificar a procrastinação não significa negar sua existência ou diminuir seus efeitos, mas sim começar a lidar com ela a partir dessa outra perspectiva daqui para frente. Ao invés de uma vilã que atrapalha sua criatividade, ela se apresenta mais como uma conselheira preocupada e menos como uma sabotadora.

Ao ressignificar esse comportamento, podemos desbloquear novas abordagens para lidar com a procrastinação, mas é claro que isso é só o começo. A partir dessa compreensão, existem vários movimentos que podem ser feitos de forma consciente e gradual.

No vídeo abaixo, por exemplo, eu explorei como expandir gradualmente nossa zona de conforto, de uma maneira que respeite a saúde mental e continue mantendo a motivação.

Lidando com seu lado emocional durante um bloqueio criativo

Ao ressignificar a procrastinação, podemos enxergá-la como um convite à reflexão. Como essas situações podem ser carregadas de stress e ansiedade, minha sugestão é que você se aprofunde nessa emoção no momento em que for mais confortável e se pergunte coisas como:

  • Por que estou procrastinando?
  • Tem algum motivo para estar assustado diante dessa tarefa?
  • Quais são os medos envolvidos diante dessa trava?
  • Será que as consequências dessa ação são aquelas que estou prevendo? 
  • São essas (possíveis) consequências que me impedem de continuar?

Acredito que as maiores travas criativas não são técnicas ou estão ligadas a ferramentas, mas, sim, psicológicas. Aliás, alguns mecanismos do ato de procrastinar estão muito ligados ao perfeccionismo. Em muitos casos, os dois se relacionam quase que numa dança e acabam impedindo muitas pessoas de começar a criar.

Quando identificamos as reais causas da procrastinação, é possível abordar o problema de maneira mais eficaz e implementar estratégias para se movimentar com mais intenção.

Em vez de encarar a procrastinação como um obstáculo intransponível, podemos vê-la como uma oportunidade de refletir sobre como estamos desenvolvendo nossos projetos. Podemos, inclusive, sentir a necessidade de redefinir metas, buscar apoio ou simplesmente reavaliar o impacto positivo que a conclusão da tarefa terá em nossa vida.

Agora, para transformar essa reflexão toda em ação, vamos desbravar alguns caminhos para começar e finalizar seus projetos criativos sem deixar a procrastinação te paralisar 🙂

Como parar com a procrastinação e finalizar projetos criativos

Juntei algumas estratégias para você lidar com a procrastinação sem pirar no processo:

Usar couve-flor 🙂

Parece loucura, mas eu explico. Uma das técnicas que eu aprendi para trazer ideias do imaginário para o mundo real e passar a primeira marcha vem de um conselho dado pelo Paul McCartney para o George Harrison (quando ele estava com dificuldade de encontrar uma palavra exata na hora de mostrar uma composição para o resto da banda).

Paul disse para o amigo dizer a primeira palavra que vinha à cabeça, mesmo que fosse uma escolha ruim naquele momento. Mesmo que essa palavra fosse: couve-flor.

Este é um bom exemplo para mostrar que o processo criativo é composto por várias etapas de melhoria. Apresentar aos outros aquilo que estamos imaginando – mesmo que ainda não seja uma solução maravilhosa – pode ser mais útil para o desenvolvimento da ideia do que deixá-la escondida no imaginário.

Se você quiser entender melhor a sacada da couve-flor e os Beatles, veja a explicação completa no vídeo abaixo:

Ter uma caixa de ferramentas

Minha primeira sugestão é que você tenha uma “caixa de ferramentas”, com uma série de informações que te ajudam a se sentir em um lugar mais seguro e que você pode ativar nesses momentos de procrastinação.

Essa “caixa” pode ser uma associação de experiências que tornam a experiência menos assustadora: uma coleção de depoimentos legais sobre o seu trabalho – criando uma Paz(tinha), como falamos aqui – uma playlist com músicas que ajudam a se concentrar (essa é a minha) e outros estímulos que te convidam a respirar e navegar por esse desafio de um jeito menos difícil.

Tomar um banho de nostalgia

Já compartilhei neste vídeo que uma das coisas que mais me ajuda em momentos de procrastinação é mergulhar em uma sensação de nostalgia. Quando sinto uma vibe nostálgica, parece que entro em um espaço seguro, em que tudo é (um pouquinho) menos assustador, inclusive a experimentação

Isso pode significar deixar um filme da minha infância rolando na TV enquanto trabalho, ou escolher uma playlist que faça eu lembrar da minha adolescência.

Claro que essa é uma estratégia que funciona comigo e pode não fluir da mesma forma com outras pessoas. Mas te convido a pensar: o que pode trazer a mesma sensação para você? O que pode tornar sua experiência mais familiar e segura?

Ver o prazo como um amigo

Embora muita gente pense no prazo como um vilão, definir um momento para botar o ponto final nas suas criações pode te ajudar a finalizar projetos finitos (neste vídeo explico a diferença entre projetos finitos e infinitos).

O prazo pode te ajudar a colocar uma “pressãozinha empolgante” para tirar aquela ideia do papel. Também pode ser uma forma de incentivar que você faça essa atividade da melhor maneira que você pode, no tempo que você tem. Um compromisso que nos ensina muito a lidar com o nosso perfeccionismo em terminar projetos.

Você também pode dividir um projetão em tarefinhas, caso ele seja mais complexo e, por isso, acaba te fazendo procrastinar mais para entrar em ação. Definir um prazo para essas tarefinhas pode ser muito útil também!

Ajustar suas expectativas sobre a perfeição

Nossas ideias costumam parecer muito mais “perfeitas” na nossa cabeça do que quando começamos a materializá-las no mundo real. Saber que, na prática, o resultado de sua criação pode não ser tão bom quanto você esperava pode te desmotivar. Mas esse choque entre fantasia X realidade pode ser o que justamente está fazendo você procrastinar.

Vale também pensar se a comparação com outras pessoas pode ser a causa de algumas das suas inseguranças. Aceitar que estamos em um estágio diferente de outras pessoas pode nos inibir, mas é um passo necessário para que a gente se desenvolva no longo prazo.

Tenha sempre a consciência de que toda criação pode ser refinada e que você também pode estar comparando – injustamente – os seus primeiros rascunhos com a versão final de criações de pessoas que te inspiram. 

Quando gerenciamos a expectativa sobre a qualidade do que vamos desenvolver e entendemos que o processo criativo é uma escada com vários degraus, é possível que a gente navegue pelo processo com mais leveza.

Conclusão

Parece que a procrastinação é um daqueles fantasmas que assombram a vida criativa, né? Mas podemos entender o que se passa nas nossas cabeças quando procrastinamos, ressignificando esse sentimento e entrando em movimento. Afinal, uma das chaves para criar com mais leveza é aprender a escutar as nossas emoções durante o processo criativo.

Neste artigo, também falei sobre a relação entre procrastinação e perfeccionismo e aproveitei para indicar algumas estratégias que você pode acionar quando sentir que a procrastinação te afeta a ponto de paralisar seus projetos.

O mais importante é entender que parar de procrastinar é praticamente impossível. O ideal é identificar as causas emocionais da procrastinação e gerenciar a expectativa sobre a qualidade da sua criação. Lembre-se que o processo criativo é uma escada com vários degraus, que nos ajuda a navegar pelo processo com mais leveza.

Se você ficou animado para tirar seus projetos do papel e curte aprender de forma visual e botando a mão na massa, quero te convidar a conhecer um sistema simples para destravar sua criatividade até mesmo nos momentos de bloqueio criativo 🚀✨

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Tiago, criador do Criatividade Sem Bloqueio e fundador do Tira do papel.

Eu crio reflexões visuais que ajudam pessoas a começar (e continuar) a praticar sua criatividade sem pirar no processo.

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