Como conduzir projetos paralelos sem pirar?

Priorizar a saúde mental deveria ser uma das principais metas para quem trabalha com criatividade. E isso também vale muito para as pessoas que se dedicam aos projetos paralelos, atividades que muitas vezes não têm a ver com os seus trabalhos “oficiais”.

Criar depois do trabalho pode demandar muito tempo, energia e organização. Pode até acontecer de o projeto paralelo se tornar o negócio principal – como é o caso de muitas empresas famosas que surgiram no tempo livre de seus criadores.

Mas nem sempre esse é o foco. Atividades paralelas não precisam ter utilidade e podem até ser meio estúpidas, como aprendi neste artigo (em inglês). Esse tipo de projeto pode ser muito interessante para exercitar a sua criatividade e até para conhecer pessoas e referências além da sua bolha.

Neste texto, vamos refletir juntos sobre as diversas perspectivas de tocar um projeto fora do trabalho e quais são os cuidados que você deve ter para que essa não seja uma atividade que desequilibre a sua rotina e, sim, traga mais leveza e respiro para o seu dia a dia.

Espero que, ao final, você se sinta motivado a começar um projeto paralelo, caso ainda não tenha um, ou mesmo possa ter bons insights para continuar a criar depois do trabalho. Boa leitura! 😊

Projetos paralelos: que parada é essa?

Para muitas pessoas que exercitam a criatividade, pode ser comum lidar com uma alta carga de pressão, incertezas e frustrações no seu trabalho.

Ter um projeto paralelo pode funcionar como uma sala de descompressão: uma oportunidade de tirar o foco de problemas e das atividades que estamos acostumados para explorar novas ideias, experimentar sem restrições e até reacender a paixão pela criação.

Mas o que pode ser classificado como projeto paralelo? De forma geral, podemos chamar assim qualquer atividade realizada simultaneamente com um trabalho formal ou estudos.

Estamos falando de um freela, um hobby, um projeto artístico ou até um negócio que também te dá dinheiro – embora ainda não seja a sua fonte de renda principal.

E quando eu falo “ainda” é porque existem projetos paralelos com potencial para se transformar em outra coisa.

Quer um exemplo? A rede social X, antigo Twitter, foi desenvolvida inicialmente como um projeto paralelo da empresa de podcast Odeo, durante uma maratona de programação. Anos depois, se tornou uma das maiores plataformas de compartilhamento de ideias do mundo.

Mesmo que não seja esse o foco, o mais importante para criar depois do trabalho é encontrar espaços livres (e seguros) para a criação. Foco e organização também são importantes para tirar esse projeto paralelo do papel.

Como em qualquer atividade, ter um projeto paralelo também envolve outros desafios, o que nos convida a enxergar os vários “lados” de tocar esse tipo de atividade. Vamos entender juntos quais são essas outras perspectivas?

O lado bom: espaço para a criatividade

Considero o projeto paralelo uma forma de autoconhecimento muito mão na massa. Quando você se dedica a uma atividade além do trabalho, conhece mais os seus limites, expande a sua criatividade e até pode se tornar alguém mais paciente, flexível e resiliente.

Desenvolver esse tipo de atividade pode ser interessante também para arejar as ideias, experimentar caminhos diferentes dos tradicionais e ampliar a sua rede de contatos – e aqui estou falando muito além do networking.

Isso por que um projeto paralelo pode te fazer conhecer pessoas e pontos de vista com quem você nunca teria a oportunidade de encontrar no seu trabalho “oficial” – além de ter a chance de conhecer gente que tem os mesmos interesses que você 🙂

Outra vantagem de uma atividade além do trabalho é que ela te possibilita fazer algo que flui naturalmente e que você tem prazer de realizar, ao contrário de atividades que desenvolvemos no trabalho que nem sempre curtimos ou concordamos com todas as escolhas.

Essa autonomia na fazeção pode dar bastante motivação – e até pode contribuir para aumentar a sua energia em outros tipos de trabalhos.

É claro que nenhuma ideia sobre criar depois do trabalho é universal. Conciliar várias atividades ao mesmo tempo não é fácil, por isso, ter um projeto paralelo não é uma regra.

Existem pessoas que não podem ter um projeto paralelo por diversas questões. Seja por enfrentar condições muito duras no trabalho, inclusive no tempo de deslocamento, seja pela sobrecarga mental em seus vários papéis – como profissionais que têm filhos sem rede de apoio.

O lado ruim: bate o cansaço

É claro que investir tempo e energia em um projeto paralelo também cansa. Por mais que você seja uma pessoa que curta trabalhar com a criatividade, ter de se dedicar a uma atividade no tempo livre pode trazer, sim, sobrecarga física e emocional.

Vale pensar se você está focando nessa atividade por prazer ou se até aí você está em busca de resultados rápidos. Nas redes sociais, por exemplo, onde é costumeira a criação de projetos paralelos, é muito comum associar sucesso a números – como número de seguidores e curtidas, alcance e engajamento.

Se o ciclo do feedback nas redes sociais está drenando a sua energia, vale a pena repensar o seu ritmo de produção e refletir sobre outras métricas de sucesso, como a sua desinibição no projeto.

Outra sugestão: se pergunte se você tem botado “você” nas criações do seu projeto paralelo. Também é importante se questionar se as suas ações têm sido guiadas pelo que “deveria” ser feito, como receitas prontas e parâmetros de retorno criados e alimentados por outras pessoas.

Para pensar mais sobre isso, sugiro que você dê uma olhada nessa provocação.

E lembre-se: em vez de querer agradar o algoritmo, que tal respeitar o seu próprio ritmo? 😊

O lado misterioso: o novo projeto pode indicar seu futuro

Um ponto muito legal para se começar a pensar o seu projeto paralelo é que pode ser que ele não seja, de cara, o seu “projeto da vida”. Mas pode ser um bom ensaio para projetos futuros e pode até indicar atividades que você curta ou sinta prazer desenvolvendo.

Um exemplo pessoal: há alguns anos eu criei com uns amigos um Instagram chamado Transleite, em que a gente brincava com trocadilhos em português e suas traduções para o inglês.

Além de, na época, ter reunido mais de 50 mil pessoas que curtiam a mesma ideia, esse projeto me deu boas noções de como explorar o Instagram, uma plataforma que eu uso hoje no Tira do Papel 🙂

Também é legal lembrar que seu projeto paralelo não precisa começar de maneira incrível e bem desenvolvida, mas pode se expandir gradualmente a partir da experimentação. Da mesma forma, ele não precisa virar um negócio, mas pode funcionar como uma jornada de criação e autoconhecimento.

Para quem está esperando aprender a mexer em um programa de última geração ou iniciar um curso para começar a tocar um projeto paralelo, saiba que é possível começar a criar fora do trabalho independentemente das suas ferramentas, aliás, essa é uma maneira muito legal de desenvolver ideias criativas.

Vale lembrar também que sua criação fora do trabalho não precisa estar, necessariamente, numa plataforma digital, exposta para outras pessoas. Você pode começar a escrever seus poemas num caderno, por exemplo, e divulgar à medida que se sinta à vontade.

Por último, gostaria de reforçar que o mais bacana é realizar o seu projeto paralelo de uma forma que você se sinta bem, com expectativas realistas e sem se expor a conteúdos e práticas que geram ansiedade. E isso serve para todas as etapas da produção: desde o consumo de informações, a criação, até o feedback do seu trabalho.

Independentemente de qual seja o seu projeto paralelo, concentre-se no progresso gradual e nas pequenas vitórias, e lembre-se de que o mais importante é o impacto que o seu conteúdo tem na sua comunidade e em você mesmo.

O que você aprendeu até aqui?

Projetos paralelos podem ser uma maneira muito mão na massa de ganhar autoconhecimento, funcionando como uma sala de descompressão para os desafios do trabalho formal e uma forma bacana de explorar ideias criativas.

Neste artigo, expliquei que dedicar tempo e energia para esses projetos também pode ser cansativo. Por isso, é importante saber reconhecer os sinais de sobrecarga e encontrar um equilíbrio entre dedicação e descanso para evitar exaustão física e emocional. Embora muitos desses projetos não se tornem uma fonte de renda principal, podem servir como trampolim para futuras empreitadas ou como um espaço para cultivar paixões e interesses.

Para criar depois do trabalho sem pirar, é super importante adotar expectativas realistas, entender as próprias métricas de sucesso e garantir que a jornada seja guiada pelo prazer e pela satisfação pessoal.

Se você deseja trabalhar a sua criatividade de forma sustentável, considera conhecer o meu curso Criatividade Sem Bloqueio, sistema simples para você começar e desenvolver projetos paralelos com constância, até mesmo nos momentos de trava.

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Tiago, criador do Criatividade Sem Bloqueio e fundador do Tira do papel.

Eu crio reflexões visuais que ajudam pessoas a começar (e continuar) a praticar sua criatividade sem pirar no processo.

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