Seu Jardim Digital

🌿 O que são jardins digitais?

Um site com jeitinho de rede social. Um espaço online para compartilhar seus projetos e ideias, mesmo que estejam inacabadas. Mais foco em mostrar o que está “em construção”, em vez de criar pensando em performance e resultados. Uma forma de dar acesso ao que está na sua cabeça: o que você tem aprendido, criado, ou aleatoriedades que você gostaria de dividir com outras pessoas. Que sementinhas você quer cultivar em público?


🌿 qual a diferença entre jardins digitais, sites e blogs?

Existem duas diferenças principais: a mentalidade e a navegação.

Spoiler: eu vou desafiar a segunda hihi : )

🌿 Diferença #1 ~ Mentalidade

Na “bolha” do marketing e criação de conteúdo, a maioria das pessoas escreve com o objetivo de fazer seu blog aparecer nos primeiros resultados do Google.

No universo dos sites, a apresentação tende a ser refinada. É um ambiente visto como cartão de visita, planejado para mostrar projetos que você finalizou e que serviços você oferece.

Ou seja: blogs e sites tendem a ser otimizado para conseguir novas oportunidades profissionais.

No jardim digital existe menos foco em performance e resultados.

A mentalidade é outra: tirar o tapume da obra. Aposentar o aviso de “página em construção”. Mostrar o que (e como) você está criando e compartilhar seus interesses. Plantar o que você quiser e cultivar em público : )

Um consumo mais intencional, com foco em se aprofundar nas ideias de uma pessoa longe do ruído das redes sociais. Como se quem visitasse pudesse visitar parte da cabeça de alguém (que foi legal o suficiente para te dar acesso a ela).

Recomendo não pensar nas definições acima de forma radical. Afinal, você pode ter um blog e escrever sem pensar nos resultados do Google. Um site que mostra criações inacabadas. Um jardim digital com páginas focadas em conseguir oportunidades profissionais. Não é algo binário. É um espectro. Você pode transitar entre as definições e combiná-las como quiser. : )

🌿 Diferença #2 ~ Navegação

Blogs são organizados de forma cronológica. Jardins são organizados por assunto. Ou seja, a forma de navegar pelo conteúdo é diferente : )

Exemplo: vamos supor que você acessa o meu Jardim e encontra 3 páginas:

→ piadinhas ruins
→ idiomas
→ criatividade

Dentro de “Criatividade”, eu posso organizar o conteúdo como quiser. Uma lista de tópicos principais sobre o assunto? Uma mistura de vídeos, texto e imagens? Um parágrafo com links internos e/ou externos? Referências de conteúdo que eu criei, ou encontrei pela internet? Eu escolho a forma de expressão : )

Maaaaas… essa é a parte que eu quero questionar.

Não porque acho a ideia ruim. Eu curti, na verdade! Mas acredito que a logística envolvida pode atrapalhar muita gente.

Eu já conversei com centeeeenas de pessoas que querem tirar projetos do papel. E sempre escuto com bastante atenção porque gosto de entender as principais travas e inseguranças na hora de botar a mão na massa.

Nesse processo, aprendi que a expectativa de se adequar perfeitamente a um formato desde o primeiro passo é uma (grande!) barreira.

Como assumo que a maioria das das pessoas não saberia a “melhor forma possível” de organizar seu Jardim desde o início… eu queria questionar esse ponto. Por que não criar com a mentalidade de jardim e manter a navegação de um blog? Isso não é um problema : )

O ministério dos jardins digitais não precisa aprovar o que você fez. Fiscais de jardinagem digital não vão te multar.

Dar o primeiro passo e ter um lugar onde você se sente à vontade com motivação de criar e compartilhar o que quiser é muito mais importante do que seguir um formato à risca.

Essa é uma perspectiva pessoal que “dobra” conceitos que li pela internet. Entendo que para pessoas mais metódicas, a estrutura talvez seja a parte mais fascinante e identificável dos Jardins. Para mim, isso não é tão relevante quanto a mentalidade. Acredito que essa parte pode trazer um impacto positivo maior na vida criativa das pessoas 🙂


🌿 Exemplos de Jardins digitais

Admito que um lado meu não quer mostrar exemplos, hihi. Acredito que se todo mundo criasse um Jardim sem ver referências, a gente teria uma quantidade enorme de formatos únicos.

Mas, para fins de clareza, vou compartilhar exemplos tangíveis. Do simples ao complexo : )

O Aengus chamou seu jardim de “My Brain” (meu cérebro). A página inicial tem links que te levam para páginas (internas), onde ele desenvolve os assuntos separadamente.

O Tom criou sua “WIKI”: uma enciclopédia pessoal com links sobre tópicos diferentes: arte, paternidade, arquitetura, livros, poesia, etc.

O Phillip levou o tema “jardim” a serio, hihi. Tem até áudio com som de natureza. Ele usou o Notion para construir o espaço (gratuitamente) e pagou alguma plataforma – como o Super.so – para criar um domínio personalizado.

O Rob não chama esse Google Doc com perguntas quebra-gelos de jardim digital.

Mas é uma referência para quem quer criar algo simples (e compartilhável). Os títulos do lado esquerdo facilitam a navegação entre os títulos.

Como todo o conteúdo é sobre o mesmo assunto, ele manteve tudo no mesmo Google Doc. Mas, vamos simular um cenário onde ele quer falar sobre assuntos diferentes:

Ele poderia criar um “menu” na primeira página. Nada complicado: poderiam ser palavras (ou imagens) com links para outras páginas de Google Docs. Em cada uma dessas páginas, ele poderia mergulhar em cada um desses assuntos. E, se quisesse, criar outras páginas dentro dessas : )

Esse exemplo da Maggie foi construído no Notion (gratuitamente). Ela optou por não ter um domínio personalizado. Uma mistura de texto, imagens e uma série de links para páginas sobre assuntos diferentes.

A Sara foi por um caminho simples. Existem duas abas principais: na primeira (About), ela escreveu 3 parágrafos com links externos: para o seu instagram, seu perfil do goodreads e o site do seu projeto (Gogh Look) e outros.

Na segunda aba (Museums), ela criou uma lista de museus que já visitou: um interesse aleatório que ela sente vontade de compartilhar.

Esse é o exemplo mais complexo dessa listinha. A Maggie Delano criou um mapa de anotações. Você pode fazer o mesmo usando softwares como Roam ou Obsidian e encontrar informações e templates sobre como publicá-los no GitHub.

Espero que os exemplos acima tenham mostrado que:

  1. não existe uma forma certa de começar.
  2. você inventa (ou adota) o formato que preferir.

Se você curtiu o conceito, mas está sem ideias do que compartilhar, deixo algumas sugestões que você pode distorcer e adaptar ao seu contexto:

  • Playlists de músicas, vídeos, podcasts, etc.
  • Documentar o processo de criar um hábito novo.
  • Criar em público: o que você tem desenvolvido? Como está a versão atual? Quais foram os erros? E os aprendizados?
  • Uma lista de tópicos diferentes pelos quais você se interessa com textos, referências ou links sobre o assunto (criados por você, co-criados ou encontrados pela internet).
  • Aprender em público: o que você tem lido, escutado e quer exteriorizar de alguma forma?
  • Listas de interesses ou recomendações: apps favoritos, séries, filmes, viagens, etc.
  • Os roteiros dos vídeos que você cria (por que não escrevê-los em público?)
  • Reflexões matinais: digitadas ou fotos das suas anotações à mão. Com ou sem censura.
  • Um texto sobre você com links (externos ou internos).
  • Livros: o que você tem lido? O que você indica? Qual a sua opinião sobre cada livro?
  • Um diário do que você quer fazer (ou fez) naquele (dia | semana | mês | ano)
  • Suas prioridades do (dia | semana | mês | ano) em termos de trabalho ou vida pessoal
  • Seu maior desafio atualmente (com contato para quem puder ajudar)
  • Sonhos que você quer realizar durante a vida (com contato para quem puder ajudar)

São apenas ideias. Não existe certo ou errado. Nem razão a se limitar a uma mídia. Você pode se expressar por vídeo, texto, fotos, áudio, etc.

Por que não começar observando o que é mais natural para você? O que você guarda, organiza e sente vontade de compartilhar? O que você tem construído? Que ideias você gostaria que alguém encontrasse em 100 anos?


🌿 É possível criar gratuitamente?

Sim! Você pode usar apps como o Notion, Google Docs, entre outros.

Se preferir pagar, existem ferramentas como Squarespace, Wix e Zyro. Elas permitem que você crie sites sem precisar saber programar.

P.S. Se você usa o Notion, existem plataformas (pagas) – como o Super.so – que podem transformar páginas do app em um site e permitir que você tenha um domínio personalizado (e.g. seunome.com).


🌿 Será que a “mentalidade” realmente faz tanta diferença?

Para você, talvez não faça. Quebrar padrões e formatos talvez seja algo natural, ou algo que você desenvolveu durante os anos : )

Mas a maioria das pessoas muda seu comportamento de acordo com o (canal | ambiente digital) onde estão inseridas.

Bora usar o LinkedIn de exemplo?

→ Mensagens formais (até demais) quando alguém se conecta com você.
→ Debates sobre que tipo de conteúdo é adequado (ou não) postar no canal.
→ As fotos postadas são (beeeem) diferentes das que vemos pelo Instagram.

O LinkedIn não obriga as pessoas a compartilhar pensamentos de uma forma específica. Mas a mentalidade delas muda quando existe a sensação de estar em um canal mais profissional.

Eu genuinamente acredito que essa simples diferença de expectativa em relação aos resultados e performance pode ser o que falta para fazer muita gente a se sentir mais à vontade 🙂


🌿 Meu Jardim Digital precisa ser público?

Pessoas mais apegadas à definição responderiam que “sim”. Mas eu acredito que não.

Isso volta para o meu ponto anterior: pensar de forma tão binária pode criar barreiras desnecessárias.

Por que complicar o que pode ser simples? Se você (ainda) não se sente à vontade de compartilhar, cultiva suas ideias em um espaço fechado. Entrar em movimento é mais importante que receber o carimbo de aprovação do ministério dos jardins digitais hihi : )


🌿 Será que isso pode substituir as redes sociais?

São canais diferentes, com propostas diferentes 🙂

O importante é entender o conceito dos jardins digitais. Dessa forma, você consegue ter a autonomia de alinhar seus objetivos com seus canais de criação.

E como a resposta foi um grande “depende”, vou trazer 2 exemplos concretos:

🪴 Cenário 1: Seu objetivo é mostrar seu trabalho, conseguir oportunidades profissionais e se conectar com clientes e pessoas do seu mercado.

As redes sociais são ferramentas maravilhosas (e otimizadas) para esse objetivo. Mas, como “as regras do jogo” (o algoritmo, os formatos, etc.) sempre mudam, depender de apenas um canal pode ser arriscado. Criar um site, um blog, um jardim digital (ou um híbrido dessas opções) pode ser um bom complemento para sua presença nas redes. Uma forma de diversificar sua presença online.

🪴 Cenário 2: você só quer um espaço para experimentar e praticar a criatividade.

Nesse contexto, eu acredito que os jardins possam substituir as redes sociais.

Ele é um espaço mais seguro, mais privado. Você não se cerca pelas métricas das redes sociais. Não existe uma expectativa de publicar coisas “prontas”. De escolher um nome ou uma bio. O primeiro passo se torna mais fácil.


🌿 Esse texto te inspirou a começar um Jardim?

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Tiago, criador do Criatividade Sem Bloqueio e fundador do Tira do papel.

Eu crio reflexões visuais que ajudam pessoas a começar (e continuar) a praticar sua criatividade sem pirar no processo.

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